Sou consumista ou consumidor?
- Pinkle
- 1 de abr. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de set. de 2022
Um artigo publicado no site Brasil Escola apresenta uma das melhores abordagens sobre o tema. Segundo Juliana Spinelli Ferrari, autora do artigo Consumismo, as definições oficiais associam a palavra consumismo ao ato de comprar, ressaltando a especialidade da ausência de necessidade por parte do comprador em grande parte das negociações. Isso quer dizer basicamente que a palavra consumismo, em suma, significa o ato de comprar muitas coisas que, em sua maioria, não são necessárias.

Continua sua referência, salientando que no consumo, o ato de comprar está diretamente relacionado à necessidade ou à sobrevivência. Já quando se trata de consumismo, essa relação está rompida, ou seja, a pessoa não precisa daquilo que está adquirindo. O consumismo está vinculado ao gasto em produtos sem utilidade imediata, supérfluos. Esse hábito vem sendo discutido por muitos autores em suas origens e dimensões.
Alguns estudiosos apontam a importância da publicidade na construção da obsessão pelo ato de comprar. Outros autores destacam a vinculação histórica da possibilidade de compra à vida boa, riqueza e saúde. Isso quer dizer que ao longo dos anos, pessoas que tinham maior poder de compra eram consideradas melhores que pessoas com menor poder de compra.
Já no site Infoescola, Ana Lucia Santana em outro artigo sob o mesmo título, afirma que o consumismo é uma compulsão que leva o indivíduo a comprar de forma ilimitada, sem necessidade bens, mercadorias e/ou serviços. Ele se deixa influenciar excessivamente pela mídia, o que é comum em um sistema dominado pelas preocupações de ordem material, na qual os apelos do capitalismo calam fundo na mente humana. Não é à toa que o universo contemporâneo no qual habitamos é conhecido como “sociedade de consumo.”
O consumista não age como o consumidor, que compra as mercadorias e os serviços de que necessita para sua existência, já aquele está sempre atravessando as fronteiras da necessidade e tocando as margens do supérfluo. Ele atua muitas vezes movido por distúrbios emocionais e psicológicos, ou por motivações socioeconômicas, como uma espécie de compensação pela frieza do convívio social, pela carência financeira, por uma autoestima deteriorada, e por tantas outras razões.
A economista Adriana Rodopoulos, em recente entrevista ao jornalista Danylo Martins, descreve as principais armadilhas de consumo. Segundo a economista, “mecanismos mentais rápidos, automáticos e, muitas vezes, inconscientes que nos levam a tomar decisões inadequadas”. Sem nos darmos conta, fazemos escolhas por vezes precipitadas. A boa notícia é que podemos conhecer esses atalhos mentais e tentar, de alguma forma, fugir deles.
Comportamento de Manada
Esse é o tradicional Maria vai com as outras, no português claro. A profissional explica: temos uma tendência quase inconsciente de seguirmos com o bando e a justificativa pseudorracional para esse comportamento é que se a maioria está fazendo é porque deve ser bom e seguro.
Status Quo ou Inércia
Tendência muito forte de manter as coisas como estão, mesmo sabendo que aquilo deixou de ser o melhor para nós. O comodismo ou a preguiça faz com que deixemos tudo igual. Por exemplo, assinatura de serviços, ou TV a cabo. Não importa se o pacote tem 500 canais e assistimos só aos da TV aberta. Geralmente, não mudamos de plano, dá trabalho. Mudar exige esforço.
Contas Mentais
“A maioria de nós é incapaz de manter uma contabilidade mental apurada”, destaca Adriana. Esta limitação faz com que muitos de nós acabemos por comprometer boa parte de nossa renda com parcelamentos, comprometendo a renda. Não se pode apenas, olhar só para o valor da parcela.
Escolhas Intertemporais
São escolhas onde o tempo desempenha um papel determinante no processo de tomada de decisão. Por exemplo, temos dificuldade em adiar recompensas ou prêmios. Somos imediatistas. “A maioria acaba tomando suas decisões de consumo segundo a dinâmica: recompensa agora, sacrifício depois. É aquela história do compre agora e comece a pagar daqui a X meses”, diz Adriana.
Existe um prazer genuíno em comprar algo que satisfaça nossas necessidades ou mesmo que esteja relacionado a um desejo ou um sonho, desde que dentro de um juízo de realidade. Deve, portanto, produzir prazer e satisfação. Já na compulsão por compras, não existe a satisfação de uma necessidade e nem de um desejo.
Na compulsão por compras existe um impulso doentio para consumir sem qualquer objetivo específico ou necessidade, não é acompanhada de prazer, ao contrário, seguida posteriormente de sentimento de culpa. É compra por impulso, relata o psiquiatra Pérsio Ribeiro Gomes de Deus.